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Porque é que o storytelling é importante numa candidatura?
O modo como uma candidatura é apresentada, seja na área de benefícios fiscais ou incentivos financeiros, é fundamental para obter uma boa pontuação e aumentar as chances de ser bem-sucedida.
O storytelling é a habilidade de contar, apresentar e adaptar histórias recorrendo a um enredo ou narrativa, de forma a transmitir de forma eficaz uma mensagem. Mas qual a importância disto na elaboração de uma candidatura? É o que vamos ver agora no nosso artigo.
Como se faz a análise?
Em primeiro lugar é preciso relembrar que quem analisa candidaturas tem o trabalho de ler dezenas de textos, alguns mais elaborados, outros menos. O seu grau de atenção e foco é por isso reduzido, o que aumenta a importância de apresentar uma candidatura com uma mensagem simples e direta.
A tendência, ao elaborar uma candidatura, é apresentar um grande número de dados e informação, na expectativa de que toda a descrição de história, atividades, objetivos e ações da nossa organização sejam relevantes. A verdade é que a apresentação de demasiada informação, dispersa e difusa, baralha quem lê. Os formulários que servem de base à apresentação de candidaturas, com campos de texto mais curtos e com tópicos mais objetivos, ajudam a limitar essa dispersão.
É ainda preciso lembrar que a nossa candidatura pode ser lida por mais do que uma pessoa. Isto aumenta a necessidade de construir uma história que faça sentido, mesmo que a sua leitura se inicie a meio caminho.
Como começar a contar a nossa história?
O ponto de partida para começar a escrever sobre a nossa organização e o nosso projeto é focar bem o arco da narrativa. Para isso é preciso:
1) descrever o ponto atual
2) identificar onde se pretende chegar
3) como pretendemos passar do ponto 1 para o ponto 2
Nesta fase, a concretização de uma análise de Forças (Strengths), Oportunidades (Opportunities), Fraquezas (Weaknesses) e Ameaças (Threats) (FOFA ou, em inglês, SWOT) é muito importante. Com esta análise é possível traçar o estado atual da organização e apontar o caminho a seguir. Esta base é fundamental para começar a criar a narrativa.
O que é a narrativa numa candidatura?
A narrativa é muito importante para ajudar a enquadrar mentalmente o projeto e facilitar a sua análise e compressão. Se dissermos que o nosso projeto tem vários objetivos, como aumentar a capacidade produtiva, internacionalizar, melhorar processos de gestão, aumentar o quadro de pessoal e melhorar o posicionamento da marca no mercado, estamos a perder o foco sobre o propósito do projeto.
A nossa motivação deve ser uma, objetiva e simples. E dessa motivação devem decorrer várias pequenas ações ou objetivos específicos, de modo a alcançar o propósito maior. É o apuramento desta motivação que permite depois criar uma narrativa que capte a atenção de quem lê, e que é constantemente alargada ao longo do formulário.
A clara identificação da motivação é essencial para quem está a ler a candidatura. Se a motivação for muito clara para quem analisa, tudo o que se sucede (descrição de objetivos específicos, descrição de investimentos, enquadramento em estratégias) é mais lógico: tudo será uma consequência natural da motivação inicial.
A identificação da motivação permite depois construir a narrativa. A narrativa deve contar o que pretendemos fazer. Se dizemos que um dos nossos problemas é a falta de trabalhadores qualificados, o arco da narrativa deve mostrar que vamos proceder à contratação de mais pessoas, e, portanto, o problema será solucionado. Não podem ficar pontas soltas.
A repetição não é má
Para quem já escreveu candidaturas, a ideia de que os campos de texto dos formulários estão sempre a pedir o mesmo é certamente familiar. E aí, a tendência é tentar criar novas ideias para cada tempo. Isto é cair na armadilha de apresentar informação excessiva e descontextualizada.
A motivação deve ser repetida sempre que possível, de forma que a questão à qual estamos a responder no formulário seja contextualizada no nosso projeto. Repetir os problemas atuais, onde queremos chegar e a nossa motivação é essencial para impactar quem está a ler. Todas essas questões devem ser muito claras para quem está do outro lado.
O que devo fazer e não fazer?
Mas afinal o que se deve, e não deve, fazer na escrita de uma candidatura? O primeiro ponto é apurar muito bem o que se pretende do projeto (motivação). A partir daí, devemos construir todas as ramificações do projeto que ajudem a justificar as opções tomadas, tanto ao nível de ações como de investimentos. E a partir daí repetir constantemente a motivação: esta tem de ser explícita para quem lê (e pode haver várias pessoas a ler partes diferentes da candidatura).
Uma tendência comum é incluir muita informação, por vezes desconexa e supérflua para os objetivos do projeto, ao escrever uma candidatura. Se a pessoa analista tiver maior dificuldade em compreender o que a organização faz, o que pretende fazer e como lá chegar, terá muito menos chances de ter sucesso.
Mais dicas?
Partilhar o texto da nossa candidatura a alguém que não entenda bem o que a nossa organização faz nem o que pretende fazer é um bom método a seguir. A nossa candidatura deve estar escrita de forma a que qualquer pessoa possa compreender quem somos e o que queremos fazer.
Criar uma grelha com a identificação de um objetivo geral e de até quatro objetivos específicos ajuda a sistematizar ideias. Cada investimento previsto na candidatura tem de contribuir para os objetivos específicos, e deve ser enquadrado na análise FOFA.
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